Sunday, November 23, 2014

O paradoxo


O Paradoxo

O paradoxo do nosso tempo é que temos edifícios muito altos e temperamentos muito reduzidos, estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos.
Gastamos mais, mas temos menos, compramos mais, mas desfrutamos menos.
Temos casas maiores e famílias mais pequenas, mais conforto e menos tempo.
Temos mais graduações académicas, mas menos sentimentos comuns, maior nível de conhecimento, mas menor capacidade de julgamento, mas peritos, mas mais problemas.
Melhor medicina, mas menor bem-estar. Bebe-se demasiado, fuma-se demasiado, desperdiça-se demasiado, rimos muito pouco, movemo-nos muito rápido, irritamo-nos demasiado, mantemo-nos muito tempo acordados, amanhecemos cansados, lemos muito pouco, vemos televisão demais e oramos raramente.
Multiplicamos o nosso património, mas reduzimos os nossos valores. Falamos demasiado, amamos demasiado pouco e odiamos muito frequentemente.
Aprendemos a ganhar a vida, mas não a vivê-la. Adicionamos anos às nossas vidas, não vida aos nossos anos.
Conseguimos ir á Lua e voltar, mas temos dificuldade em atravessar a rua para conhecer um novo vizinho.
Conquistamos espaço exterior, mas não o interior. Temos feito grandes coisas mas nem sempre as melhores.
Limpamos o ar, mas contaminamos a nossa alma. Conquistamos o átomo, mas não os nossos preconceitos. Escrevemos mais, mas aprendemos menos. Planeamos mais, mas desfrutamos menos. Aprendemos a apressar-nos, mas não a esperar.
Produzimos computadores que podem processar maior informação e difundi-la, mas comunicamo-nos cada vez menos. Estamos no tempo das comidas rápidas e digestões lentas, de homens de grande estatura e de pequeno carácter, de elevados ganhos económicos e relações humanas superficiais.
Hoje em dia, há dois ordenados, mas mais divórcios, casas mais luxuosas, mas mais lares desfeitos.
São tempos de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moral descartável, encontros de uma noite, corpos obesos e pílulas que fazem tudo, desde alegrar a acalmar, até matar.
São tempos em que há muita montra e muito pouco no armazém.
Tempos em que a tecnologia pode fazer-te chegar esta carta e em que tu podes optar por partilhar estas reflexões ou simplesmente exclui-las.
Lembra-te de passar algum tempo com os teus entes queridos, porque eles não estarão aqui para sempre.
Lembra-te de ser amável com quem agora te admira, porque essa pessoa crescerá muito rapidamente e afastar-se-á de ti. Lembra-te de abraçar quem está perto de ti, porque esse é o único tesouro que podes dar com o coração sem que te custe um cêntimo.
Lembra-te de dizer “amo-te” aos teus entes queridos mas, sobretudo, di-lo com sinceridade.
Um beijo e um abraço podem curar uma ferida, quando se dão com toda a alma. Dedica tempo para amar e conversar, e partilha as tuas ideias mais apreciadas.
E nunca esqueças:
A vida não se me de pelo numero de vezes que respiramos, mas pelos extraordinários momentos que passamos juntos.
George Carlin
(12 Maio 1937 - 22 Junho 2008)

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